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kombi,uma historia mais que peculiar

kombi,uma historia mais que peculiar

determina a obrigatoriedade da instalação de itens básicos de segurança a partir de 2014, casos do airbag e dos freios ABS, impossível de se fazer em um projeto que está obsoletado – há décadas – no mundo inteiro. Acreditem, a Kombi T2 ainda é produzida em série e comercializada no Brasil.

De um lado, há aqueles que falam sobre este veículo apaixonadamente, pois remete a um sentimento nostálgico de transporte escolar, de vendedores ambulantes que passavam pelos bairros das cidades vendendo pamonha, ou de um avô que tinha uma Kombi para transportar a família, por exemplo. A Kombi está presente de maneira importante em muitos filmes do cinema brasileiro, em cenas marcantes das telenovelas, em videoclipes musicais e até em descrições literárias, desde o seu lançamento até os dias de hoje. Tanto, que no Brasil há um grande número de colecionadores de Kombis, que participam de exposições e eventos vintage.

Por outro lado, há um grupo que até reconhece tais valores sentimentais, mas que não entende e considera um verdadeiro absurdo o fato de um veículo lançado há 63 anos ainda ser mantido em série com tão poucas evoluções. Um projeto tão antigo de fato, está tão desatualizado tecnologicamente que é apontado como um utilitário perigoso por razões elementares, como a conhecida falta de estabilidade para os padrões atuais, entre outros itens de segurança e conforto. A VW Kombi, inclusive, só está deixando de ser produzida graças a uma lei que determina a obrigatoriedade da instalação de fábrica em série dos básicos airbag e freios ABS. Não há engenharia no mundo que consiga instalar tais equipamentos nesta versão da Kombi, um projeto obsoleto há várias décadas em todo o planeta, ou em quase todo.

Kombi, uma paixão de muitos brasileiros

Eduardo Gedrait - Sampa Kombi Clube

É realmente impressionante o número de entusiastas da Kombi “velha de guerra”. Muitos alimentam um saudosismo muito grande e recordam de histórias com narrativa romanticamente nostálgica. Outros, vão além e encarnam a cultura da Kombi em coleções de fotografias, selos especiais, quadros na parede, chaveiros, além de roupas e acessórios alusivos ao veículo.

A paixão chega ser tão grande, que muitos colecionam apaixonadamente diferentes versões da Kombi, tal como um colecionador de carros clássicos. Daqueles que exigem que se coloque luvas para tocar na lataria e abrir a porta do veículo. No Brasil, há diversos clubes dedicados a Kombi em todos os 27 Estados do país. Para muitos, a Kombi virou verbo e estilo de vida.

“A minha primeira Kombi foi uma STD 1974, comprada em 2010, da cidade de Batatais (SP), de um convento de freiras que faliu. Ela foi levada, rodando, até a cidade de Iperó (distante 350 km) para restauração. Ficou pronta após 12 meses e recebeu placa preta (veiculo de coleção com 80% de originalidade). Comprei para restaurar, mesmo. Eu já tinha um fusca 1969 e resolvi comprar uma Kombi. Demorei um ano procurando até encontrar”, disse Eduardo Gedrait, fundador e presidente do Sampa Kombi Clube (SKC), um clube para proprietários e aficionados por Kombis.

“Quando me envolvi de corpo e alma na restauração da minha Kombi 74, não havia nada em termos de informações disponíveis em clubes sobre originalidade de Kombi. Mesmo no fórum Fusca Brasil (fórum especializado em VW), pouca gente tratava de Kombi. Isso, porque a Kombi foi usada até a exaustão. Sempre foi veiculo de trabalho e ninguém imaginava guardar informações para uma futura restauração”, revelou Gedrait.

O processo de restauração da Kombi 74, por Gedrait foi tão envolvente, que resultou na formação de um clube para pessoas, que como ele, são colecionadores apaixonados do chamado “pão de forma sobre rodas”. “As duas restaurações que fiz (da Kombi 74 e da Kombi STD 1958 – a Kombi preservada mais antiga do Brasil) marcaram bastante a minha vida. Buscar cada peça, procurar a informação de cada detalhe, desmontar, montar, noites em claro e o resultado final, com placa preta (veiculo de colecionador com 80% de originalidade) marcaram minha vida de colecionador e foi o início do Sampa Kombi Clube, que nasceu para juntar as informações de originalidade das Kombis e orientar os sócios colecionadores em suas restaurações”, recordou Gedrait.

“O clube nasceu para abrigar os futuros restauradores das diversas Kombis que temos por ai rodando. Promove encontros, anuncia Kombis para venda, aproxima os interessados em adquirir peças dos vendedores, presta consultoria técnica, disponibiliza informações de originalidade e em breve, irá emitir certificado de placa preta atestando a originalidade de veículos”, explicou Gedrait.

Perguntei a Gedrait se ele concorda com o ponto de vista de que a Kombi é um veículo superado e deve sair de linha, devendo ser cultivado apenas como um produto “vintage”, e ele respondeu que considera a expressão “superado” muito forte. “Entendo que o tempo da Kombi T2 foi outro. Na Alemanha ela deixou de ser produzida há muito tempo, em 1979. Aqui, a VW manteve a produção porque sempre foi um veiculo com boa vendagem. Ela ainda representa o melhor custo beneficio para transporte de uma tonelada de carga, aliado a simplicidade da mecânica VW e um baixo custo de manutenção. Ela continua atendendo um segmento de comerciantes que usam a Kombi no dia a dia para as suas entregas, sem ficar devendo nada a respeito.

Para o fundador do SKC, a Kombi teve grande importância na construção do Brasil. “Teve papel fundamental na construção da capital do país. Transportou tudo o que foi possível até hoje. Foi o meio de locomoção de diversas crianças, transportou famílias, cruzou o país trabalhando. Trata-se da forma mais inteligente de transportar uma tonelada de carga”.

VW Kombi como transporte escolar

Em pesquisa divulgada pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) no início de 2013, 802,8 mil alunos vão para a escola em vans ou Kombis. Em levantamento de 2012, do próprio Inep, 41.183.103 estudantes estavam matriculados na rede pública de ensino até o 3º ano do ensino médio em todo o Brasil.

“O meu primeiro contato com uma Kombi foi escolar. Durante uma fase, a minha mãe contratou uma Kombi para me trazer de volta da escola. Eu era o menor aluno que a Kombi transportava e viajava no porta-malas junto das mochilas dos outros alunos. Minha função era de distribuir as malas conforme os alunos iam descendo”, recorda Eduardo Gedrait, fundador e presidente do Sampa Kombi Clube (SKC), um clube para proprietários e aficionados por Kombis. “Depois, vem as lembranças das Kombis que faziam entregas de produtos porta a porta. Lembro da Kombi do batateiro e dos produtos de limpeza, além da famosa Kombi da pamonha. Mais adulto, lembro da Kombi da empresa que meu pai trazia para casa para pequenos transportes”, recorda nostalgicamente.

VW Kombi Last Edition

Kombi Last Edition

“Estamos todos chateados com a decisão da VW em parar a produção da Kombi, porém respeitamos. Hoje, os carros em produção são muito mais modernos que a Kombi e trata-se de uma evolução natural. A montagem da Kombi é manual e com isso, a produção é extremamente reduzida (115 unidades por dia). A produção dos outros modelos chegam a 1.800 unidades/dia”, analisou Gedrait.

Para marcar o fim da produção da Kombi, a Volkswagen do Brasil apresentou a série especial Last Edition, em edição limitada de 600 unidades. Ao contrário de sua vocação popular, o modelo será comercializado para um público mais elitizado, ou para aficionados que estejam dispostos a desembolsar suntuosos R$ 85.000,00 pela versão derradeira do veículo com a maior longevidade da indústria automobilística mundial.

A Kombi Last Edition recebe itens exclusivos como pintura tipo “saia e blusa”, acabamento interno de luxo e elementos de design que remetem às inúmeras versões do veículo fabricadas no Brasil desde 1957. As unidades serão numeradas e terão placa de identificação.

O modelo é equipado com o motor EA111 1.4l Total Flex, que desenvolve 78 cavalos de potência quando abastecido com gasolina e de 80 cv com etanol, sempre a 4.800 rpm. O torque máximo é de 12,5 kgfm com gasolina e de 12,7 kgfm com etanol, a 3.500 rpm. O câmbio é manual de quatro marchas. As rodas são de 14 polegadas, com pneus 185 R14C.

Externamente, a pintura da Kombi Last Edition é azul, com teto, colunas e para-choques brancos. Uma faixa decorativa, também branca, circunda todo o veículo logo abaixo da linha de cintura. As rodas e as calotas são pintadas de branco. A grade dianteira superior é também pintada na cor azul da carroceria, assim como as molduras das setas e aros dos faróis. Os pneus com faixa branca dão um toque a mais de requinte e nostalgia ao modelo. Os vidros são escurecidos e o vigia traseiro tem desembaçador elétrico. As setas dianteiras têm lentes de cristal branco. Nas laterais também se destacam os adesivos que identificam a série especial “56 anos – Kombi Last Edition”.

Internamente, o modelo recebe cortinas em tear azul nas janelas laterais e no vigia traseiro – as braçadeiras trazem o logotipo ‘Kombi’ bordado, um elemento de decoração típico das versões mais luxuosas das décadas de 1960 e 1970. Os bancos têm forração especial de vinil com bordas em Azul Atlanta e faixas centrais de duas cores (azul e branca). As laterais e as costas dos assentos têm acabamento de vinil expandido Cinza Lotus. O veículo possui capacidade para transportar oito passageiros, além do motorista.

O revestimento interno das laterais, portas e porta-malas também é de vinil Azul Atlanta, com costuras decorativas pespontadas. O assoalho e o porta-malas são recobertos por tapetes com insertos em carpete dilour Basalto, mesmo material que reveste o estepe. O revestimento do teto é em material não tecido Stampatto.

No painel, um dos destaques é a plaqueta de alumínio escovado que identifica a série especial, com o número correspondente a uma das 600 unidades. Por exemplo: a primeira unidade levará a placa “001/600”.

Além disso, o painel traz serigrafia especial do quadro de instrumentos, que mantém o tradicional padrão com o velocímetro em posição central e, à direita, o mostrador do nível de combustível. O sistema de som tem LEDs vermelhos, lê arquivos MP3 e possui entradas auxiliar e USB.

Dentro do porta-luvas, o comprador encontrará o manual do proprietário com uma capa especial comemorativa. A Kombi Last Editionserá acompanhada, também, por um certificado especial atestando sua autenticidade.